domingo, 16 de setembro de 2012

§ Então reunirei forças e irei. A despeito dos meus medos, inseguranças, receios de um provável "não", buscarei toda a coragem que há em mim e me entregarei a essa caminhada. Ao chegar, baterei em sua porta e ele, ao abrir, tudo o que me dirá será: por que demorou tanto?
 
 § Sim, será ele!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


§ Às vezes eu olho esse mar imenso e não sei se há mais água nele ou na minha alma. E a água da minha alma quer fugir pelos olhos.

domingo, 23 de outubro de 2011

§ Não sou dessas pessoas que gostariam de viver em outra época. Sou muito feliz com todas as vantagens que viver o tempo presente me propicia, e os ônus da atualidade eu posso aguentar (já aguentamos, né? rs). Mas sou dessas pessoas que gostariam fervorosamente de ter uma máquina do tempo e fazer umas rápidas viagens nele, menos pra corrigir os meus próprios erros e mais pra contar aos antepassados algumas das maravilhas de hoje.

§ Eu iria ao Rio de 1904 só pra contar aos seus desconfiados moradores os benefícios da vacina contra a varíola, bem como o quão respeitado nacional e internacionalmente o Oswaldo Cruz se tornaria. Eu iria a Bergen-Belsen, em 1945, seguraria a mão da Anne Frank e lhe pediria para aguentar só mais um pouquinho, pois o seu pai estava vivo e os aliados estavam quase chegando para libertá-la.

§ Eu também visitaria o Louis Braille e lhe agradeceria por todo o esforço que ele fez para que os cegos pudessem, como nós, ter a oportunidade mergulhar neste maravilhoso mundo da leitura. Ainda diria que, mesmo após muitos anos da sua criação, o sistema dele permanece praticamente o mesmo, de tão bom que é (e ainda contaria que ele foi considerado um dos grandes homens da pátria francesa e que o corpo dele foi transferido para o Panteão, onde pude visitar o seu túmulo. Se bem que isso seria meio bizarro...).

§ Eu igualmente visitaria o Dom Predro II, logo após o seu exílio. Eu faria para ele um resumo da história mundial que se seguiu depois da sua morte. Então eu lhe agredeceria por ter sido um dos melhores governantes que este país já teve. Diria a ele o quanto admiro os esforços que fez para acabar com a escravidão (e que ele estava certo ao não dar muita trela aos professores que lhe ensinaram sobre a separação racial), incrementar a educação e a cultura (coisa que a maior parte dos sucessores dele não fez muito bem!) e de como usou o patriotismo para defender a integridade nacional. Acredito que, mesmo com a narração de todos os nossos problemas, ele ficaria feliz em saber que aquele país que o obrigaram a deixar se tornou um dos mais importantes e protagonista do mundo atual.

§ Eu procuraria o Platão e lhe diria pra não se preocupar, pois o desejo dele de "tornar-se famoso e não jazer ao final sem um nome" tinha se concretizado. Mais de dois mil anos após a sua morte, ele ainda é considerado um dos maiores filósofos que já existiu, conhecido em todo o mundo e nome obrigatório quando se estuda História (pelo menos a ocidental).

§ Eu tentaria encontrar os meus ascendentes e, portando uma foto da minha família, lhes mostraria como somos e o que nos tornamos. Eu acredito que eles fossem pobres, camponeses, servos, então, acho que ficariam orgulhosos por tudo o que conquistamos, pela maneira que levamos os seus nomes e sangue até hoje.

§ Claro, eu sei que todas essas pessoas do passado levariam um susto enorme ao me verem, ficariam meio transtornados e céticos ao ouvirem as minhas histórias. Mas não estraguem os meus devaneios e me deixem continuar pensando no quão legal seria viajar ao passado e poder levar umas respostas ou palavras de apoio aos nossos antepassados...

domingo, 25 de setembro de 2011

Encara o desafio?

§ Se havia uma coisa que eu não entendia era o prazer dos alpinistas em escalar montanhas altíssimas. Passar um frio de fazer os dedos caírem, falta de oxigênio, avalanches, riscos reais de morte... Se lá do topo ainda houvesse uma "vista linda", daquelas de recompensar todo o esforço, daria até pra compreender tamanho masoquismo. Mas não, os morros são tão altos que de lá só se avista neve, ou no máximo outros montes.

§ Até que um dia eu fui pra Bolívia e decidi fazer um passeio quase obrigatório para os turistas em La Paz: subir o Monte Chacaltaya, uma montanha de 5421m que fica nos arredores da capital administrativa boliviana. "Mais de 5 mil metros de altura?", você pode se perguntar, meio assustado ou espantado. Mas asseguro que subir o Chacaltaya é relativamente fácil. Há uma estradinha e carros e vans conseguem alcançar mais ou menos uns 5 mil metros. Depois disso é contigo, e você não precisa de equipamentos de montanhismo e escalada. Suas pernas são o suficiente para atingir o cume. Só não é mais fácil pela falta de ar absurda que você sente. Vou até corrigir: suas pernas E MUITO FÔLEGO são o suficiente para atingir o cume.

§ É comum as pessoas sentirem os efeitos do altitude sickness (dificuldade para respirar, dor de cabeça, enjoo) em La Paz, já que ela está situada a quase 3800 metros acima do nível do mar. Por isso é recomendado aos turistas passarem uns 2 ou 3dias sem fazer muitos esforços, para se habituarem à altitude. No meu caso, esses efeitos parecem ter sido acentuados. Não conheci ninguém que tivesse passado mais mal que eu por lá (e olha que, apesar de ser um pouco sedentária, disponho de boa saúde e dificilmente fico doente).

§ Por conta disso, subir aqueles 300, 400 metros que restavam até o topo da montanha foi um martírio pra mim. Todo mundo sente alguma dificuldade, mas dentre os que iam "ficando pra trás" do meu grupo, eu fui a última (e olha que havia pessoas já perto dos 60 anos). Todo o meu corpo ardia, sentia uma dor de cabeça quase insuportável, tinha a impressão de que os meus pulmões iriam explodir e a cada 3 ou 4passos eu parava uns 5 minutos para descansar e respirar. A questão é que havia um tempo para voltarmos até o nosso carro (acho que 2 ou 3 horas no máximo), então era preciso ser rápido pra depois poder dizer pra todo mundo que havia chegado aos 5421 metros.

§ Em um dado momento eu pensei que aquilo tudo era maluquice. Eu estava quase morrendo só pra chegar a um ponto alto, não ver muita coisa de lá (se bem que o Chacaltaya tem sim uma visão linda) e depois ter que descer. Talvez fosse melhor voltar dali mesmo, onde eu estava já sozinha, e ficar esperando o resto do grupo lá na estação, bem descansada e tentando captar o máximo possível de oxigênio para o meu peito. Então eu olhei aquelas pessoas que subiam à minha frente, olhei as que já estavam no cume... e não pude voltar. Nesse momento (acho que) entendi o que move os alpinistas. Não é simplesmente a superação. Vai além disso. É um sentimento para o qual não consigo encontrar uma palavra de definição (o famoso e clichê "sentimento sem nome"). É um prazer estranho de vencer um desafio e se sentir único e privilegiado.

§ Eu mirei o topo e recomecei a minha caminhanda solitária, parando de passos em passos, inspirando como se não houvesse amanhã. A neve ao meu redor não me importava mais. Enquanto descançava eu via pessoas que tinham desistido e estavam bricando, fazendo bonecos e guerra de neve. Mas não dei muita atenção. O meu objetivo era o alto.

§ Subi até encontrar o meu guia e o meu grupo já descendo, pois o nosso tempo estava acabando. Não fui a única a não alcançar o cimo. Poucos conseguiram, pra falar a verdade. O que não evitou que eu me sentisse um pouco frustada. Passados alguns anos desde esse dia, hoje me sinto até orgulhosa. Afinal, quem é que já subiu uns 5300 metros de uma montanha, hein? Só dá uma pontada de tristeza quando eu lembro que poderiam ser uns 100 metros a mais.

§ Nessa mesma viagem eu fui pro Peru. Não planejei fazer a trilha inca para chegar a Machu Picchu porque até então eu acreditava que aquilo não era coisa pra mim. O que eu queria era conhecer a cidade sagrada dos incas e achava que passar uns 3 dias caminhando exaustivamente, dormindo em barracas sob um frio congelante e se alimentando de comida enlatada era uma perda de tempo, uma loucura comparada à paixão dos alpinistas. Coisa que, como expliquei anteriormente, eu não entendia até então. Estando em Machu Picchu depois do desafio do Chacaltaya a minha mente era outra. E confesso, senti inveja daqueles que chegaram lá no alto depois de andarem dias pelos mesmos caminhos que os incas usavam para chegar à cidade. Vencer esses desafios te faz sentir uma satisfação maior que aquele "prazer de superação".

§ Essa viagem me mudou. Depois dela já encarei um vulcão de 2800 metros coberto de neve. Não alcancei a cratera, mas a dificuldade maior não foi o cansaço, e sim uma nevasca que nos obrigou a voltar da metade do caminho. Também participei de umas trilhas, aqui no Brasil mesmo, que eu não dava importância uns 10 anos trás. Não digo que estou pronta para escalar o Aconcágua ou o Everest. Hoje acredito que não estão ao meu alcance (e talvez da mesma maneira que eu pensava há anos de coisas que depois eu fiz). Só que quando você chega lá se sente desafiado a ser um privilegiado (eu já fui ao "pé" do Aconcágua, mas o tempo foi tão curto que não deu nem pra pensar da possibilidade de fazer as subidas mais simples, para não profissionais).

§ Hoje eu entendo um pouco o prazer dos alpinistas. E o desafio é prazeroso depois que o dominamos. Não acredito nisso de "superar os próprios limites". Eu penso que na verdade descobrimos que os nossos limites estavam além do que imaginávamos. E não se pode dar nome ao sentimento de descobrir que se pode mais, muito mais.

Aconcágua. Vai encarar?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Lembranças repentinas da infância

§ Quando eu era criança a minha mãe me contou sobre a falha de San Andreas. Ela dizia, enquanto me mostrava no mapa, que um dia haveria um grande terremoto que separaria a Califórnia do resto dos EUA. Ela só não me explicava (ou até o fazia, mas eu era pequena demais pra assimilar tudo aquilo e agora lembrar de todos aqueles detalhes) que isso NÃO se daria em um único sismo e que o afastamento das terras levaria milhões de anos. Então todos os dias eu esperava ansiosamente o início do telejornal, pra ver se haveria alguma reportagem mostrando a separação da Califórnia.

§ Essa espera só era meio a contragosto na época em que passava Carrossel... Naquele tempo só tínhamos uma televisão em casa, e a minha novela preferida passava no mesmo horário dos noticiários. Na batalha entre mim e meu pai, eu era sempre a perdedora...

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§ Lembro também de uma vez - eu tinha uns 4 anos - em que uma mulher pediu um pouco de comida na porta do prédio em que a gente morava lá em São Cristóvão. Minha mãe colocou uma parte do que ela tinha preparado pro almoço em recipientes de margarina (que ela junta até hoje e guarda no armário ao lado das tupperwares e dos potes de sorvete) e os entregou à mulher. A mesma, após agradecer, disse que tinha uma filha do meu tamanho e que a levaria no dia seguinte para brincar comigo. Eu, filha única, fiquei numa ansiedade só por poder ter uma nova amiguinha, e perguntava à minha mãe todos os dias se aquela senhora tinha trazido a filha. Essa mulher nunca mais apareceu, nem pra levar a garota, nem pra pedir comida.

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§ Então era assim: durante o dia eu importunava a minha mãe pra saber se a menininha tinha chegado. E durante a noite eu aguardava pra ver na TV a Califórnia transformada em uma ilha, no estilo de "A jangada de pedra".

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Clássicos da Sessão da Tarde

§ Acredito que eu nem preciso fazer uma introdução pra esse texto. O título é auto-explicativo: clássicos da sessão da tarde são aqueles filmes que marcaram as tardes à toa da nossa infância/adolescência. Filmes que a gente não se importava em assistir pela milionésima nona vez, porque eram sempre divertidos.

§ A maior parte deles é da década de 1980, alguns da década seguinte se salvaram. Não sei se é coisa de geração, mas desde então poucos filmes mantiveram essas características que só os clássicos têm. Talvez quem seja da 1950 ou 1960 também ache os nossos preferidos idiotas, mas a impressão que dá é que atualmente não se produzem mais tantos bons clássicos da sessão da tarde.

§ Então vamos a eles. Primeiro: não estão por ordem, até porque eu não conseguiria escolher uns como melhores que outros. Segundo: Tem tanto tempo que não assisto a uns, que posso até errar alguns detalhes e esquecer outros que seriam “inesquecíveis” (por exemplo, não lembro agora se a Molly Ringwald ficou com o Alan de two and a half men ou com o bonitão da escola, em a garota de rosa shocking). Vamos relembrar logo os clássicos então:

- Os goonies (1985)
Acho que esse é o único para o qual eu escolheria uma posição, se fizesse um ranking: número 1! É o meu preferido. Que criança nunca sonhou em viver uma aventura como a deles? Tenho 25 anos e continuo sonhando. Tesouro de piratas e mapas, fuga de bandidos, um monstro bonzinho, salvar o bairro de virar um imenso campo de golfe! Sem falar nas artimanhas do Bocão, nas engenhocas do Dado, nas trapalhadas e mentiras do Gordo... Os goonies é um clássico!

- Curtindo a vida adoidado (1986)
Filme dirigido pelo John Hughes, e John Hughes + 1980 já deveria ser sinônimo de clássico. Mas enganar os pais dizendo que está doente, chamar a namorada e o melhor amigo pra matar um dia inteirinho de aula, sair por aí em uma Ferrari vermelha, parar o centro de Chicago cantando Twist and Shout, comer de graça em um dos restaurantes mais luxuosos da cidade, destruir a tal Ferrari pra no fim do dia tudo isso ter dado certo e ter valido a pena?! Precisa dizer mais alguma coisa?

- Clube dos cinco (1985)
Mais uma vez John Hughes + 1980. E não é só isso: 5 adolescentes de grupos bem diferentes (tem o nerd, o bad boy, o atleta, a bonitinha e a estranha) são obrigados a passarem um sábado inteiro na detenção, por motivos diversos. A princípio surgem alguns conflitos entre eles, que depois, acabam dividindo os seus dramas pessoais e descobrindo que tinham muito mais em comum do que pensavam. Não sei em que colocação ficaria, mas com certeza entraria no meu Top Five.

- Gatinhas e gatões (1984)
O título original, sixteen candles, faz alusão ao décimo sexto aniversário da protagonista (vivida por Molly Ringwald), evento que é esquecido por todos da sua família e por sua melhor amiga. Ela também é apaixonada por um menino da escola, que namora uma garota bastante bonita, e passa a ser azucrinada por um cara chato e inconveniente, como se não bastasse. Se a fórmula John Hughes + 1980 é boa, John Hughes + 1980 + Molly Ringwald é melhor ainda!

- A Garota de rosa shocking (1986)
Outra vez John Hughes (aqui como roteirista) + Molly Hingwald. Só por isso eu não precisaria escrever mais nada. A protagonista é pobre e estuda em um colégio de ricos, sendo apaixonada por um dos bonitões da escola. E precisa arranjar um vestido para ir ao baile (que pelo que eu lembre é rosa, mas não shocking). Tem ainda o Alan, de two and a half men, que faz o amigo legal e apaixonado pela menina, mas não consigo lembrar com quem a ruiva termina. Essa cena aqui do "Alan" é bem legal.

- Esqueceram de mim (1990)
Com um roteiro do John Hughes é claro que seria legal. O astro mirim Macaulay Culkin é esquecido em casa no Natal, e sem a supervisão de adultos faz tudo o que nós, quando crianças, adoraríamos ter feito. Ainda arranja tempo pra salvar a sua casa de dois bandidos meio fajutos. E no final percebe que, apesar de ser muito bom acordar a hora que quiser, comer besteiras e ver TV o dia todo, não há nada melhor que ter a família por perto. PS: Assistir a esse filme pela milésima vez foi a melhor coisa do meu Natal do ano passado.

- Minha mãe é uma sereia (1990)
Cher, Winona Ryder antes de ser ladra e Christina Ricci ainda pequenininha. Uma mãe meio louca, uma adolescente problemática e uma menina que treina respiração embaixo d’água na banheira de casa porque quer ser uma grande nadadora. Uma vez li em algum lugar que o legal deste filme é que o drama e a comédia se confundem. E ainda tem essa cena final aqui, que é uma das minhas preferidas.

- Conta comigo (1986)
Uma das maiores provas de que um filme, para ser bom, não precisa de explosões, efeitos especiais e pirotécnicos e orçamento milionário. Basta um bom roteiro. E é isso que nos prende a essa história de 4 adolescentes que saem em busca do corpo de um menino que teria sido atropelado por um trem. Conta comigo é acerca de uma história de amizade.

- Os garotos perdidos (1987)
É o “filme de terror” a que a gente agüentava assistir quando criança. Conta com os Corey Haim e Feldman, que protagonizaram muitos filmes teen da década de 1980. Tá, eu nunca vi crepúsculo pra saber se realmente é bom ou ruim, mas todo vez que vejo esses garotos fazendo alarde por esse filme, eu sinto vontade de pegá-los pelo braço e sacudi-los, dizendo que é assim que se faz um filme sobre vampiros de verdade!

- Admiradora secreta (1985)
Ela é apaixonada pelo amigo e lhe envia uma declaração de amor anônima. Ele pensa ser da garota bonitona e popular da qual é a fim, e aí começam as confusões. Pode até ser meio previsível, mas eu ainda acho mais divertido e legal que muitas comédias atuais.

- Uma noite de aventuras
Uma babysitter, acompanhada de 3 garotos, parte para socorrer uma amiga que fugiu de casa e está em apuros. No meio de tudo isso o pneu do carro estoura e eles são socorridos por um caminhoneiro sem mão que foi traído pela mulher, se metem em um tiroteio, são sequestrados, perseguidos por bandidos, ficam pendurados num edifício de mais de 100 andares, têm que fugir pelo telhado, são envolvidos em uma luta de gangues dentro do metrô, confundem ratazanas com gatinhos quando perdem os óculos, entram em um bar de blues onde escutam: "ninguém passa por aqui sem cantar um blues". Mais nada a declarar.

- De volta para o futuro (1985)
Michael J. Fox e Christopher Lloyd constroem um carro capaz de viajar no tempo, e a partir disso se envolvem (e criam) em diversas confusões. Com a sua “modernidade” marcou a nossa infância, mas às vezes eu me pergunto se ele seria tão legal se fosse produzido hoje...

- Quero ser grande (1988)
Ele tem 12 anos e quer ser adulto. Vai a um parque de diversões e faz o pedido a uma máquina de desejos. No dia seguinte é o Tom Hanks. E tem aquela cena clássica do piano gigante!

- Sem licença para dirigir (1988)
Ele não passou no teste de habilitação, mas para impressionar a garota dos seus sonhos, sai escondido com o carro do pai. Claro que ele não voltaria para casa sem se envolver em situações inusitadas, como a menina bêbada no porta-malas. Não é uma obra-prima, mas é muito divertido quando você está de bobeira em casa.

- Namorada de aluguel (1987)
Ele (o namorado da Meredith de grey’s anatomy) é um nerd que sempre sonhou em ser popular, até que descobre que uma das garotas mais cobiçadas da escola está precisando de dinheiro. Não hesita em emprestar a quantia que ela necessita, mas em troca, combina que a garota finja ser a sua namorada por um mês, a fim de que ele se torne popular. Obviamente no final eles se apaixonam, e se beijam ao som de can’t buy me love (por sinal, o título do filme em inglês), dos Beatles.

- O enigma da pirâmide (1985)
Acho que foi um dos filmes a que mais assisti na infância. Mostra como o Sherlock Holmes e o seu “caro Watson” teriam se conhecido, na adolescência, e o primeiro caso desvendado pelo famoso detetive. Muito legal.

- Loucuras em plena madrugada (1980)
Eu só lembro desse filme ter passado na globo uma vez. Que pena... Não consigo esquecer dessa história divertida de um jogo maluco que faz diferentes grupos de estudantes (azuis eram os trapaceiros, brancos os nerds, vermelhas as feministas, verdes os atletas brutamontes e amarelos os “do bem”) correrem pela cidade em busca de um prêmio.

- Mudança de hábito 2 (1993)
Um dos poucos da década de 1990 que entram nesta lista. O primeiro também é legal, mas o segundo é mais “clássico”, talvez até por ser ambientado em uma escola (característica desses filmes). As velhas piadinhas de adolescentes que não querem nada com nada e depois, com a ajuda da “freirinha” moderníssima, se transformam em jovens exemplares, ao som de happy day e joyful joyful... Tento assistir toda vez que passa!

- Indiana Jones (o primeiro da série é de 1981)
Confesso que não sei mais distinguir um filme do outro, as cenas vêm à minha cabeça misturadas. Mas pra quem gosta de aventuras (e toda criança que ficava à toa em casa vendo a sessão da tarde gostava!) Indiana Jones é um prato cheio! Dedico este espaço então a todos os filmes da série e também àqueles relacionados a aventuras na África em busca de tesouros e civilizações antigas. E aproveito para dizer que até hoje eu sonho em ser uma versão feminida do Indy!

- Te pego lá fora (1987)
Ele acordou atrasado, não tinha roupa limpa para vestir e o pneu do seu carro estava furado. Ainda não eram 8h, horário em que as aulas começariam, quando sua irmã disse sabiamente: “acho que hoje vai ser um daqueles dias”. Às 8:15h Jerry ganhou a implicância do novo aluno da escola, um brutamontes temido por todos por já ter se envolvido em diversas brigas, e foi desafiado para uma luta às 15h. Até lá ele se meteu em várias confusões, tentando evitar a tal briga. Uma frase marcante desse filme é: “a dor é temporária, um filme é para sempre”. Sim, te pego lá fora é pra sempre um filme clássico da sessão da tarde.

- Sociedade dos poetas mortos (1989)
O mais dramático dos clássicos. E com certeza uma obra-prima do cinema. Robin Williams é um professor que quebra os padrões e incentiva os seus alunos a pensar e perseguir seus sonhos. “Seize the day, boys. Make your lives extraordinary”.
§ Eu sei que ainda faltam vários clássicos, mas a memória já começa a falhar. E se eu for mesmo escrever sobre os que eu lembro, e que não estão aqui, acredito que só acabo amanhã à noite. Então se você, que fazendo alguma pesquisa no google, veio parar aqui, sinta-se à vontade para dar a sua opinião e contar quais são os clássicos das tardes da sua vida. :)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

§ Não sei por que motivo eu sempre passei a impressão de ser uma pessoa frágil. Mas depois de alguns acontecimentos todos (inclusive eu!) perceberam que eu era muito mais forte do que aparentava, capaz de viver e passar por coisas que muitos provavelmente não aguentariam.

§ Aí eu me inflei, me inflei e me inflei de orgulho: gritei para os quatro cantos ouvirem que eu era muito forte!

§ Ledo engano... No fim, descobrimo-nos todos errados: eu sou mais fraca do que pensávamos no início. De que adianta ser forte nos momentos difíceis, se os fáceis eu sento, choro e me entrego?

terça-feira, 29 de março de 2011


§ Troco isto pelo cinza do concreto e do asfalto. Pela "poluição" sonora de uma grande cidade, que faz com que eu não me sinta tão só quanto tenho me sentido.

terça-feira, 22 de março de 2011

Cadê eu?

§ Recordo que há algum tempo uma conhecida minha (com a qual não tenho mais contato algum) sempre enviava e-mails (desde piadas até mensagens religiosas, passando por aquelas correntes chatas - mensagens essas que eu deleteva sem nem mesmo ler) pro grupo de contatos dela. Em um final de ano, o de 2002, se eu não me engano, ela decidiu mandar um "e-mail diferente". Por algum motivo, talvez a curiosidade, não deletei aquele. Na mensagem ela escrevia sobre a qualidade que mais admirava em cada uma daquelas pessoas que faziam parte da lista. Por volta de 30 nomes, o meu (seguindo a maldita ordem alfabética - quem tem o nome iniciado lá pelas últimas letras entende por que a ordem é um saco e sempre nos prejudica!) lá pelo final... li algumas características, geralmente de quem eu também conhecia, e cheguei à minha.

§ Não lembro exatamente as palavras que ela usou, mas era algo mais ou menos assim: o que mais admiro na Sara, entre tantas qualidades, é a força de vontade para conseguir o que ela deseja. Se ela diz que quer algo, com muita garra, determinação, honestidade, inteligência e delicadeza ela consegue.

§ Várias outras pessoas igualmente já me disseram, antes e depois desse e-mail, que admiravam a minha determinação. Por causa desta minha característica, eu passei no vestibular de 3 universidades públicas (mesmo tendo estudado praticamente a minha vida toda em escolas também públicas e sem ter feito cursinho), eu viajei sozinha pela Europa e pela América do Sul, eu fui durante um mês, na adolescência, toda semana, à biblioteca do CCBB só pra ler um livro que eu nunca encontrei vendendo em lugar algum e nem em qualquer outra biblioteca (e eles não emprestavam os livros, então eu só podia ler lá), dentre outras coisas.

§ E agora eu tô aqui, desesperadamente procurando essa Sara cheia de garra, de determinação, de força de vontade. Eu estou tão perdida, tão sem saber o que fazer... em uma das minhas últimas crises de choro minha mãe me lembrou que eu já me livrei de situações piores, que ela não entende por que eu estou nesse marasmo, nessa obsolescência, e que eu poderia sair dessa situação. Eu respondi que dessa vez não tenho forças, porque realmente não tenho. E me sinto tão mal por isso, a ponto de desejar a morte. A questão não é ter forças para alcançar os objetivos. A questão é que nem objetivos eu tenho. Pode ser idiota, mas eu me envergonho por isso, porque sei que as pessoas sempre esperaram muito de mim, e elas nem imaginam como estou agora, porque na frente delas eu finjo que está tudo bem. Sinto vergonha.

§ Eu quero encontrar essa força que eu tinha, mas não sei como...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Praga

§ Eu costumo ser meio do contra. Quando todo mundo fica bajulando, endeusando demais uma coisa ou um ser, eu fico com o pé atrás mesmo. E assim foi com Praga. Como Budapeste, ela é a nova "moda" do Leste Europeu.

§ Mas a verdade é que Praga é mesmo isso tudo que dizem, e mais um pouco. A cidade é uma pérola.

§ Foi a única cidade da Europa onde eu estive completamente só. Eu sempre conhecia gente nos albergues, encontrava algum brasileiro que tinha conhecido na net. Às vezes eu passava o dia todo sozinha, mas à noite saía com alguém. Outras vezes passava o dia todo caminhando por ali com alguém, mas ia dormir mais cedo. Ou então passava o dia e a noita toda acompanhada. Tive momentos em companhia de mim mesma e momentos na companhia dos outros.

§ Em Praga não fiz uma amigo sequer. O albergue não era de festa e no meu quarto só tinha uns japoneses estranhos (todos os nipônicos, por mais legais que sejam, são estranhos), que só falavam entre eles, não me davam a mínima. E ficavam passando um creme estranho no rosto e circulando pelos corredores como se isso fosse normal (ou será que eu que sou neurótica demais por nunca ter coragem de fazer isso?)! Acho que a pessoa com quem mais troquei palavras na cidade foi um dos recepcionistas do hostel, quando ele me explicou onde ficava uma lavanderia. E eu, lerda que sou, ainda tive que voltar e perguntar de novo, porque andei, andei, andei e rodei, rodei e rodei e não encontrei o bendito lugar!

§ Enfim, apesar de ter ficado totalmente só nos 3 dias estive por lá, não lembro de ter me sentido sozinha. Foram tão agradáveis os meus momentos por lá. Foi tudo de uma paz tão grande, e cada esquina, cada prédio emanava tanta poesia que eu não tive tempo pra pensar na solidão.

§ O clima estava formidável: um solzinho e friozinho leves, que deixavam em evidência as cores da cidade, sem precisar circular carregando casacos. E as cores... a cidade é lindamente colorida. Mas não são cores fortes e vivas como as de Barcelona. São cores mais suaves, talvez até românticas. Cores que deram asas gigantes à minha já fértil imaginação. Quando eu penso nos meus dias lá, a primeira sensação que me vem à cabeça é a de sonho, a de estar caminhando nas nuvens.

§ Eu caminhei muito, comigo mesma. Admirando a arquitetura, as pontes, as placas quase indecifráveis, os nomes dos estabelecimentos (cabaret carioca e darling, I'll call you later)o rio, as árvores, o céu, os pássaros, os turistas. A parte central de Praga é abarrotada de turistas. Acho que é por isso que ela não me pareceu uma cidade tão real. Mas não me importei. Lembro até de uma cena fofa: numa lanchonete conheci 4 americanas com mais de 65 anos que estavam mochilando juntas e por conta própria. Uma gracinha as mocinhas abrindo o mapa, decidindo para onde ir e pedindo minha ajuda.

§ Lembro também que depois de andar muito eu fiquei em dúvida se ia ou não ao complexo do castelo. Eram quase 20h e eu não conseguiria mais visitar nada lá, mas pensei que talvez valesse a pena subir só pra observar a cidade, e no dia seguinte voltar cedo e conhecer tudo. Mas já estava escurendo, o lugar não estava mais tão cheio de turistas e fiquei com medo de ter que voltar sozinha depois. Pensei mais um pouco, eu já andei de madrugada sozinha por tantos lugares do Brasil e do mundo, não seria em Praga que eu teria medo.

§ Fui subindo as ladeiras calmamente (a bronquite sempre quer dar o ar da graça), olhando as milhares de marionetes de bruxinha nas vitrines. Vira aqui, vira ali, sobre mais um pouquinho e por fim, chego lá. Tenho que dizer que eu já estava encantada pela cidade, mas a visão que tive lá de cima foi magnífica. Fiquei boba mesmo. Foi aquele o momento de agradecer a Deus por estar naquele lugar (e é sempre nessas ocasiões simples que eu lembro de agradecer).

§ Também visitei os museus judaicos. Os ingressos mais caros da cidade. Pra tirar foto tinha que pagar (2 euros por cada foto. Tinha bastante gente tirando escondida, mas minha honestidade me impediu de fazer isso). Pra usar o banheiro tinha que pagar. Pra beber água tinha que pagar. E na saída havia uma caixa pra você deixar a $ua contribuição às instituições judaicas. Fiquei com vontade de deixar um bilhetinho malcriado, mas desisti.

§ E claro, também não poderia deixar de ir ao museu do Franz Kafka, uma das melhores coisas da cidade (claro, se você gostar do Kafka). Denso, escuro, sombrio, detalhista, introspectivo. Agoniantemente apaixonante.

§ Tem ainda o relógio astronômico. O elevador demorou um pouco e eu achei melhor subir a pé. Algumas gotas de suor depois eu estava lá em cima, desfrutando da paisagem e escutando a "guarda da torre" executar no trompete aquela musiquinha que nunca sai da minha cabeça. Lá embaixo você se infiltra na multidão de turistas pra ver o espetáculo dos 12 apóstolos como cuco do relógio, e tenta encontrar o esqueleto da morte (coisa que eu não consegui fazer... miopia?).

§ Não tem só isso, tem mais um montão de coisas. A cidade é linda, tanto de dia quanto de noite. Mas tudo que eu vou conseguir escrever aqui é sonho, cores, poesia, céu, paisagem, sonho...

§ Ah, Praga! Não me canso de te olhar!